Doença inflamatória intestinal

Doença de Crohn 01: A doença de Crohn é uma das formas de doença inflamatória intestinal, que pode comprometer qualquer segmento do tubo digestivo, porém o local mais frequente é o íleo terminal, sendo um dos diagnósticos diferenciais da apendicite aguda. A alteração mais frequente vista na tomografia é um espessamento parietal do íleo terminal, em geral com borramento do tecido adiposo adjacente, como qualquer processo inflamatório intracavitário. Aqui vemos o íleo terminal bastante espessado (seta) com borramento adiposo adjacente (amarelo).

A ultrassonografia é um exame difícil para fazer o diagnóstico de doença inflamatória intestinal, mas não quer dizer que não seja possível. Este exame mostra uma alça de delgado espessada e hipoecogênica, com perda da estratificação da parede e leve borramento adiposo adjacente. Como esta imagem foi obtida na fossa ilíaca direita e a alça é muito calibrosa para ser um apêndice, pensamos em doença de Crohn, que foi o diagnóstico final.

Uma das principais complicações da doença de Crohn são as fístulas. Aqui neste exame de trânsito do intestino delgado percebam o aspecto normal das alças intestinais e reparem o íleo terminal (setas vermelhas) como está irregular e espessado (a coluna de contraste tá bem afilada, notaram?). Existe, porém, um filete de contraste (verde) que comunica o íleo terminal irregular, inflamado, com uma alça de delgado normal. É uma fístula, que como dissemos, é uma das complicações que podem ocorrer na doença de Crohn.

Se na doença de Crohn as fístulas são comuns, é porque existe solução de continuidade na parede da alça, ou seja, existe perfuração. Existindo perfuração para a cavidade, podemos ter um pneumoperitônio, como visto aqui no espaço sub-hepático (seta vermelha). Também é possível observar um sinal muito legal em radiologia, que é o sinal de Riggler (seta azul), quando conseguimos ver as paredes da alça por dentro (o que é o normal) e por fora (não se vê em condições normais, apenas quando existe gás livre).

Bom, quando existe perfuração na doença de Crohn, não só o gás da alça extravasa para a cavidade, mas o conteúdo fecal também extravasa e daí já dá prá imaginar o estrago. Aqui a tomografia mostra uma coleção (seta) de paredes finas e conteúdo homogêneo na fossa ilíaca direita/pelve, bem superficial, que no contexto clínico, deve ser encarado como um abscesso intracavitário.

Outro caso bem típico de doença de Crohn, com a tomgrafia evidenciando um espessamento parietal do íleo terminal e borramento adiposo inflamatório adjacente.

Aqui um caso de doença de Crohn acometendo o cólon transverso. Reparem como o achado tomográfico é semelhante: espessamento parietal e densificação de planos adiposos circunjacentes.

pacientes com doença inflamatória intestinal podem desenvolver alterações osteoarticulares em até 20% dos casos. Este é um paciente com doença de Crohn apresentando dores articulares. A radiografia de tornozelo mostra uma reação periosteal sem lesão óssea subjacente, um quadro radiográfico de osteoartropatia hipertrófica, condição incomum e que raramente está associada a doença inflamatória intestinal. Caso das antigas, anos 80, radiografia convencional ainda.

paciente com doença de Crohn e dores lombares. Realizou uma radiografia de articulações sacroilíacas que mostrou esclerose dos bordos ilíacos e sacros das articulações, que são mais acentuadas à direita, onde se observa redução do espaço articular superiormente. Caso de sacroileíte associada à doença de Crohn.

A retocolite ulcerativa idiopática é a outra doença inflamatória intestinal. Diferente da doença de Crohn que pode envolver qualquer local do tubo digestivo, a RCUI afeta basicamente o cólon, sendo diferente também por ter uma maior incidência de neoplasia de cólon e uma maior associação com manifestações extraintestinais. Aqui vemos no exame de enema opaco achados típicos de RCUI: um cólon sem o padrão típico das haustrações (aquelas lobulações do contorno cólico) e com um aspecto que é descrito com em “papel rasgado” das suas paredes, que é determinado pelas microulcerações que a doença determina (afinal, retocolite ULCERATIVA não é por acaso). Também observamos no cólon descendente o que chamamos de pseudopolipose, com vários defeitos de enchimento (imagens arredondadas escurinhas) que correspondem ao reparo mucoso após o processo inflamatório.

Nesta tomografia, podemos observar o espessamento parietal (setas vermelhas) circunferencial do reto, de aspecto liso (ao contrário das neoplasias que costumam determinar espessamentos irregulares), com borramento do tecido adiposo adjacente (seta amarela).

Esta reconstrução sagital do reto, além do espessamento parietal liso e regular da alça, sugestivo de processo benigno, mostra um achado que é descrito em enema opaco como sugestivo de RCUI: o aumento do espaço pré-sacral.

Este é um corte axial de tomografia computadorizada mostrando um importante edema retal liso e regular, determinado pela RCUI.

RCUI 05: A RCUI costuma ter relação com outras doenças gastrointestinais e mesmo não gastrointestinais. Aqui vemos um paciente acometido por RCUI que apresentou icterícia e dor no hipocôndrio direito. A Colangiorressonância magnética mostra áreas segmentares de dilatação do ducto hepático comum (seta amarela) e uma área de estenose na via biliar intra-hepática no lobo direito (seta vermelha), um padrão que está descrito em casos de colangite esclerosante primária. Entre 3% a 8% dos pacientes com RCUI desenvolvem colangite esclerosante primária.