Introdução
O nosso site vai tratar de diagnóstico por imagem, uma especialidade que engloba várias modalidades de exames e como tudo na vida, vamos começar pelo início.
Pode parecer chato, mas alguns conceitos que vamos mostrar aqui, vão ser úteis para entender como solicitar um exame, entender o porquê de algumas imagens serem como são e, principalmente, saber quando não podemos pedir um exame, já que algumas restrições/contraindicações podem existir.
Os exames que vamos mostrar são o raio-x (Rx), ultrassonografia (US), tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM). Aqui um detalhe: não é ressonância nuclear magnética, apenas ressonância magnética. Vamos explicar adiante.
Falando de um modo muito simplificado, a radiografia ou o Rx, é um exame que usa um tipo de radiação ionizante para produzir imagens médicas, que na prática são espécies de sombras impressas num filme radiográfico. Opa, radiação, alerta!!! Bom, não é bem assim, exige cuidados, mas nada para se perder o sono. Explicaremos mais adiante.
Sala de Raio-x
A ultrassonografia é um exame que como diz o nome, utiliza uma frequência específica de som (o ultrassom) para formar imagens.
Sala de ultrassonografia
A tomografia computadorizada é um exame que utiliza a mesma radiação ionizante da radiografia: o Rx. A diferença é que ao invés de produzir aquela espécie de sombra, a radiação absorvida pelo corpo é medida por um computador e as diferenças de absorção da radiação vão ser transformadas em imagens por um computador.
Sala de tomografia computadorizada
Por último, a ressonância magnética (nunca ressonância nuclear magnética) é um exame que utiliza campos magnéticos (imãs, falando popularmente) para produzir imagens. Nada de radiação em um imã.
Sala de ressonância magnética
Uma observação importante é que os exames de imagem, qualquer um deles, não vai mostrar tudo pra vocês. Aquilo que vocês procuram, uma pneumonia, um tumor, uma má-formação fetal, o que quer que seja, não vai estar lá escancarado, com o diagnóstico pronto. O exame vai mostrar uma imagem de uma parte da anatomia e eventualmente algo diferente vai aparecer, sendo que esta imagem vai ser interpretada pelo médico. Interpretar não é exato, não é matemática, e pode variar conforme as informações clínicas fornecidas. Sem estas informações, a interpretação fica prejudicada.
Portanto, nunca deixem de ouvir e examinar os pacientes e caso decidam pedir um exame (radiológico ou não), sempre coloquem informações clínicas, nunca terceirizem o diagnóstico de vocês para nós radiologistas. Trabalhamos juntos, mas o clínico sempre vai ser o maestro da banda.
Falamos muito rapidamente sobre a natureza de cada exame e temos que alertar que alguns riscos existem.
A radiografia e a tomografia computadorizada utilizam o RX, que é uma radiação ionizante, para a formação das imagens, logo, cuidados devem ser tomados, principalmente com crianças e gestantes.
A radiação utilizada em procedimentos médicos é medida em uma unidade chamada milisievert (mSv). Segundo informações do Colégio Americano de Radiologia (ACR) e Sociedade de Radiologia da América do Norte (RSNA), radiografias emitem uma radiação inferior a 0,1 mSv, tomografias de crânio, tórax e abdome total, respectivamente 3,2 mSv, 6,1 mSv e 7,7 mSv.
O que mais preocupa na radiação em medicina, são os riscos de desenvolvimento de neoplasias malignas e as pacientes gestantes, sendo que nestas, as principais complicações são aborto, seguidas de déficit de crescimento, déficit intelectual e más formações. Não existe contraindicação absoluta de exames radiográficos em mulheres grávidas, o que deve existir é bom senso e avaliação criteriosa de risco-benefício.
Nos Estados Unidos, não se recomenda exceder os 5 mSv de exposição em gestantes e com este grau de exposição existe um aumento de incidência de neoplasias malignas de 0,2% em relação à população não exposta a radiação1.
Os exames de ultrassonografia não oferecem riscos a pacientes gestantes e nem à população em geral.
A ressonância magnética utiliza um campo magnético para a formação das imagens, portanto não oferece riscos para a população e também não há comprovação de elevação de riscos aos fetos em relação a gestantes não expostas à ressonância magnética.
A outra preocupação em relação à ressonância magnética são os metais. É preciso ter muito cuidado antes de entrar em uma sala de RM, pois o campo magnético dela é de 40000x o valor do campo magnético da terra e tem a capacidade de atrair metais já na porta da sala, metais estes que se transformam em verdadeiros projéteis
Arma presa no aparelho de RM
Ainda sobre metais, muitas pessoas, seja por procedimentos médicos ou acidentes, contém materiais metálicos no corpo: fragmentos após acidentes, materiais de fixação de fraturas, implantes cocleares, marcapassos, clips de aneurismas, stents….
Falando de modo bem simples: materiais de fixação ortopédicos e fragmentos metálicos acidentais não costumam apresentar problemas na RM, mas devemos ter o cuidado quando eles estão próximos a estruturas nobres, como uma artéria. Existe sempre o risco teórico de um deslocamento mínimo, que se acontece em um feixe muscular digamos da perna, não traz problemas mais sérios, mas se ocorre ao lado da carótida comum no pescoço, pode fazer um estrago.
Implantes cocleares e clips de aneurismas cerebrais podem raramente ser deslocados, mas pela proximidade com estruturas encefálicas, devemos sempre evitar.
Queremos lembrar que hoje em dia muitos destes artefatos são construídos com material chamado amagnético, ou seja, que não são atraídos pelo campo magnético, podendo ser colocados no aparelho sem problemas.
Stents coronarianos não costumam apresentar contraindicações justamente por serem construídos com este tipo de metal.
Já os marcapassos e desfibriladores podem ter seus mecanismos de funcionamento afetados e provocar problemas para o paciente. Muito cuidado aqui.
Para encerrar este início de conversa, um dado importante: todos os muitos casos que mostramos aqui foram comprovados por cirurgia, exames laboratoriais, patologia ou mesmo pela terapêutica medicamentosa aplicada. No entanto, em medicina, eventualmente os resultados observados em locais diferentes e grupos populacionais diferentes, podem ser diferentes.
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10103573/ ↩︎