Pielonefrite e Cálculo Renal

Para aqueles que pensam que a radiografia simples do abdome não serve pra nada, este caso é uma ducha de água fria. Sim, até nós conseguimos ver estes cálculos, mas em breve vamos mostrar como analisar uma radiografia do abdome. Por enquanto a gente mostra as duas calcificações de grande dimensões projetadas nas lojas renais.

Este paciente tinha uma dor lombar de forte intensidade à esquerda e apareceu no plantão branco como jaleco novo. Feita a tomografia de abdome que mostrou uma calcificação com 0,3 cm no ureter lombar direito, cerca de 4,0 cm abaixo da junção ureteropiélica, e aproximadamente ao nível de L3-L4. Sem problemas, mostra a cauda da dor e localiza com exatidão onde está o problema, para que o urologista possa programar a melhor maneira de conduzir o caso.

Este paciente tinha uma dor lombar à direita. Observamos aqui um cálculo irregular no ureter lombar e também é bem identificado um espessamento parietal do ureter, o que pode acontecer por processo inflamatório ou mesmo por lesão do cálculo no seu trajeto até a bexiga. Reparem que é um cálculo irregular e espiculado, não seria surpresa se o indivíduo apresentasse hematúria.

Paciente feminina, com dor lombar à direita. O rim direito tem tamanho reduzido, apresenta áreas de atrofia cortical, de caráter sequelar, contendo ao menos dois cálculos. Percebemos ainda uma dilatação ureteral lombar que é determinada por um cálculo situado aproximadamente 4,0 cm abaixo da junção ureteropiélica.

Mais uma radiografia, desta vez mostrando uma calcificação que preenche praticamente todo o sistema pielocalicinal esquerdo. É o chamado cálculo coraliforme. Importante notar que existem alguns cálculos no rim esquerdo. Nunca podemos deixar que um achado grosseiro, desvie nossa atenção de outros achados menos evidentes. A clínica da paciente era de dor lombar direita e se prestarmos bastante atenção, veremos duas calcificações no trajeto do ureter direito. A radiografia isoladamente não consegue mostrar com exatidão o local destas calcificações. Podem corresponder a linfonodos calcificados ou resíduos fecais no delgado, mas com a clínica de dor lombar direita, ao menos uma destas calcificações é ureteral.

Não se trata da mesma paciente anterior, vejam que os cálculos coraliformes são diferentes. Mas a tomografia, principalmente na reconstrução coronal, mostra muito bem os cálculos renais. Lembrando: perceberam os cálculos menores no rim direito, que aliás é maior e tem uma densificação perinéfrica inferior? É bom ficarem espertos. Existe uma pielonefrite associada à direita.

Uma tomografia de uma paciente com dor lombar à direita, e apresentando dor à percussão lombar. A tomografia mostra um rim aumentado de volume, com densificação adiposa perinéfrica inflamatória (este aumento de densidade da gordura envolvendo o rim). Este é um corte com contraste e é bem evidente quando comparamos os rins, que o lado direito capta o contraste de modo heterogêneo, com múltiplas áreas hipoatenuantes de baixa captação esparsas. Estas imagens são de natureza inflamatória, confirmando uma pielonefrite aguda. Não existe dilatação calicinal aqui.

Outra paciente com dor lombar, desta vez à esquerda, com aquele aspecto de captação heterogênea de contraste pelo rim, secundário ao processo inflamatório. Pielonefrite aguda, sem dilatação da via excretora.

Às vezes, as alterações inflamatórias renais em uma pielonefrite são discretas, como aqui, onde observamos apenas um foco hipocaptante de contraste posteriormente. Interessante que apesar da discreta alteração parenquimatosa, existe uma dilatação, ainda que leve, da pelve renal (comparem com o lado oposto).